As montadoras de automóveis do Reino Unido e da Europa estão se preparando para um grande impacto financeiro com a aplicação de uma tarifa de 25% sobre carros importados para os Estados Unidos a partir de 2 de abril. Essa medida, anunciada pelo governo dos EUA, afetará todos os carros e veículos comerciais leves que não estão cobertos pelo acordo tarifário automotivo entre México, EUA e Canadá, aumentando significativamente os custos de operação no mercado americano.
Desafios para as Montadoras Europeias
Empresas como Aston Martin, Audi, Bentley, BMW e JLR estavam contando com vendas saudáveis nos EUA para compensar a queda na demanda na China e um mercado europeu mais fraco. Segundo David Bailey, professor de economia empresarial da Birmingham Business School, a indústria automotiva europeia enfrenta uma “tempestade perfeita”, com fábricas operando bem abaixo da capacidade.
Os EUA são o segundo maior mercado de exportação de carros do Reino Unido, com 101.100 veículos enviados em 2024, de acordo com a Society of Motor Manufacturers and Traders. A JLR foi a maior exportadora britânica para os EUA, com um aumento de 29% nas vendas, totalizando 116.294 carros no ano passado, dos quais cerca de dois terços foram fabricados no Reino Unido.
Marcas de luxo como Aston Martin, Bentley, McLaren e Rolls-Royce representaram cerca de 9.000 importações de carros no ano passado. A JLR optou por não comentar sobre as tarifas, mas o valor das ações da Tata Motors, proprietária da JLR, caiu 5,6% após o anúncio.
Reações e Estratégias das Montadoras
A Ineos Automotive expressou indignação com a situação tarifária, afirmando que a UE negligenciou o problema. O presidente dos EUA, Donald Trump, deixou claro sua intenção de implementar tarifas na indústria automotiva, buscando reciprocidade e justiça nas negociações comerciais.
A tarifa de 25% se soma ao imposto de 2,5% já pago pelas montadoras ao importar para os EUA, elevando o preço de venda recomendado dos carros em cerca de 15%, segundo estimativas do banco Bernstein. As montadoras terão que decidir se repassam o custo aos consumidores ou absorvem o impacto nas margens de lucro.
Frank-Steffen Walliser, CEO da Bentley, afirmou que o custo será repassado ao consumidor, impactando os negócios. Trump argumentou que as tarifas abordam uma ameaça crítica à segurança dos EUA e trarão a fabricação de veículos de volta ao país, criando 2,8 milhões de empregos e impulsionando a economia em US$ 728 bilhões.
Impacto nos Fabricantes e Possíveis Retaliações
Algumas montadoras já anunciaram planos para aumentar sua presença de fabricação nos EUA. A Hyundai, por exemplo, investirá US$ 21 bilhões para expandir a produção de veículos e desenvolver novas tecnologias, incluindo capacidade de direção autônoma. A Audi está em discussões sobre quais modelos podem ser localizados nos EUA.
No entanto, a JLR provavelmente não construirá nos EUA para mitigar as tarifas, segundo Ian Henry, chefe da consultoria AutoAnalysis. Ele destacou que a falta de uma cadeia de suprimentos e as tarifas sobre componentes dificultam a implementação rápida de uma planta CKD (completely knocked-down kit).
As montadoras também enfrentam a incerteza sobre a duração das tarifas, que podem ser uma tática de negociação ou durar anos. Mesmo as montadoras com fábricas nos EUA enfrentarão custos mais altos nos componentes importados. Trump afirmou que apenas 25% do conteúdo dos veículos comprados por americanos pode ser categorizado como “Made in America”.
O conteúdo local dos SUVs da BMW fabricados em Spartanburg, Carolina do Sul, é inferior a 30%, segundo documentos vistos por Henry. A BMW importa motores da Europa para montagem nos EUA, o que agora estará sujeito a tarifas a partir de 2 de abril.
O impacto nas montadoras, incluindo BMW, Mercedes-Benz e Volvo, que exportam dos EUA para a Europa, pode ser amplificado por possíveis tarifas retaliatórias da UE. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, afirmou que as tarifas são prejudiciais para empresas e consumidores tanto nos EUA quanto na União Europeia.
Se as tarifas se estenderem até o final do ano, a Stellantis será a mais afetada, com uma redução de 5,1 pontos percentuais em sua margem de lucro, segundo análise da Bernstein. A BMW deve cair 2,0 pontos, a Mercedes 2,2 pontos e o Grupo Volkswagen 1,5 pontos.
As previsões financeiras são incertas, já que Trump pode reverter a decisão a qualquer momento. Como observou um analista do setor: “Basicamente, é uma bagunça”.
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Via Autocar